segunda-feira, 24 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Digestão, absorção...

Gente o corpo é uma caixa louca de surpresas, ora me deparo querendo correr de onde estou ora cá quero ficar...
Ainda não descobri qual é o segredo desta absorção de informações, novidades, na verdade penso eu com está minha cabeça que pouco pensa. Que a magia se dá assim: Você chega, aaaaaaaaaaaaa, quer sair correndo, porquê? tem só coisas e essas coisas são todas estranhas, então você primeiro vê de perto essas coisas, depois você cheira essas coisas e como num passe de mágica você come elas, come todas sem distinção de sabor de aroma, você simplesmente come...
Logo vomita uma ou duas ou três até mesmo infinitas, é existem muitas coisas, mas tem algumas dessas "coisas" que você vai digerir, absorver e elas se tornarão parte de você...e por fim você não quer mais correr.
Nós decidimos ficar aqui, você e essas tais coisas que são você hoje.

sábado, 6 de agosto de 2011

Um lamento

Sabe que acabo de me dar conta que ninguém me lê, isso me feriu de tal maneira a ponto de desistir das letras, deixá-las voar em outros olhos, tais olhos estes que consigam deslumbrar-se ao ver estes belos pássaros selvagens a voar e acariciar estes olhos...azuis, verdes, castanhos, tristes. Meus olhos secaram, acho que nem eu mesmo posso me ler acho que as letras deixaram de ser pássaros selvagens em minhas mãos, tornaram-se iguais, ficaram presos, lamentável pensar que não tenho mais este cúmplice em meus dedos, pensar que a tinta das minhas idéias secou, pensar que meus dedos estão paralisados, meus olhos fechados, meu silêncio vazio.
Perdi meus pássaros, quem sabe reecontro eles quando outros olhos virem por aqui.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Será?

Um novo caminho se apronta pela frente, de tempestade? de calmaria? de caminho de se caminhar...Será? eu vou em frente nada a perder é oque tenho, nada...as coisinhas são tão arrumadinhas neste lado, elas já estão tão prontas, confortável? é me parece também, mas nada que uma pincelada com meus dedos mágicos não dê cara nova por onde vou passando, uns vermelhos aqui, umas bolhas em forma de elefantes daquele lado, outras em forma de quadrados deste outro, pindurarei quadros no teto, quadros lindos em preto e branco, translúscidas serão as mini bolhas a voar pelo caminho, caminho este de flores, flores verdes com folhas cor-de-rosa, flores azuis com folhas cor de laranja com bolas roxas, lindas flores.
Neste que é um caminho talvez curto que logo na próxima esquina eu dobre e me perca a pintar e bordar em outros caminhos, talvez longo que vá colorindo por muitos e muitos anos...fiquei velha neste caminho e óóóó´que nem andei muito.
Vou para outros lados daqui, daqui me perco de vocês e não se esqueçam, que o quão curto pode ser, quanto o quão longo pode ser estes caminhos que andam em baixo de nosso pés.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sarau ( Caio Fernando Abreu)

Estou certo de que se não tivesse ido à cozinha aquela noite não os teria encontrado. Apenas não era possível ficar sem fazer nada enquanto meus pais jogavam cartas na sala. Tinham-me perguntado duas ou três vezes se eu não queria jogar — e duas ou três vezes respondi que não. Talvez houvesse falado secamente, porque eles baixaram a cabeça como se estivessem sendo agredidos e, espantosamente, continuaram a jogar. Digo espantosamente porque era quase inacreditável a lentidão com que movimentavam os braços para depositar cartas sobre a toalha de plástico. As vezes os movimentos se espaçavam a tal ponto que, suspenso, eu esperava o momento em que um deles dissesse não suportar mais. Mas embora os espaços aumentassem, ninguém dizia nada A impressão que eu tinha era de que o jogo ganhava a forma de enormes intervalos de silêncio, cada vez mais vazios, interligados por uma ou outra carta. Desde sempre jogavam assim, ninguém ganhava, ninguém ganharia nunca — dizia-me lentamente enquanto olhava para suas cabeças falsamente absortas. Olhei em volta, mas também ali não acontecia nada. Algumas folhas batiam na vidraça, e nada mais que isso.
Foi então que surpreendi os dois olhando para mim como se esperassem. Mas não havia nada para dar a eles. Rapidamente, então, imaginei uma cimitarra e, sem parar de pensar, dotei-a de uma infinidade de movimentos circulares — como se dançasse. Só que não havia nenhuma mão a sustentá-la. Eles continuavam me olhando enquanto o som do relógio crescia, espalhado quase insuportável por entre as cartas e os espaços vazios. E foi ainda então que houve a necessidade de um gesto meu. Levantei-me e enveredei em direção à cozinha. Debrucei a cabeça sobre a mesa limpa como se chorasse. Apenas como. Não havia porquê, e eu sempre pensava que devia haver uma motivação a orientar qualquer gesto meu. Rocei a face contra a superfície da madeira. Ela me feriu de leve com suas aparas quase imperceptíveis.
Fechei os olhos e julguei descobrir alguma coisa no fundo das pupilas: criavam-se certos movimentos verticais, tão imprecisos quanto bruscos, e apertando mais os olhos eles se alargavam, ganhando alguns toques dourados. Esse era um dos meus divertimentos favoritos nos últimos tempos: acreditava sentir em mim remotas forças reveladas e expressas naquelas sombras que moravam no fundo de meus olhos. Não sabia que espécie de forças, afinal de contas sempre fui um desconhecido para mim mesmo — sabia porém que eram violentas essas forças, diria mesmo fortes forças, não fosse sem sentido. Mas essas forças, ou o que quer que fossem aqueles movimentos escuros e verticais, nunca chegavam além das pálpebras. Foi pensando nisso que abri os olhos e encontrei a cimitarra. Ela avançava para mim com seus movimentos circulares, como se desejasse cortar-me. Como não me surpreendi, ela parou no meio do caminho.
Saí da cozinha e desci velozmente as escadas sem parar na sala. À porta do edifício detive brusco os passos e olhei para trás, a ver se ela me seguia. Não consegui enxergar nada na escuridão: abri a porta e saí para a noite. Sentei num dos bancos do jardim do edifício e fiquei ali, perdido entre as hortênsias meio murchas, até que um contato frio no ombro esquerdo obrigou minha cabeça a voltar-se. Independente de meu comando, ela voltou-se e viu a cimitarra. Não posso negar que seus movimentos eram doces, e não foi por outro motivo que obriguei meus olhos a encararem-na sérios, talvez excessivamente sérios, porque seus movimentos começaram a intensificar-se de tal maneira que fui obrigado a suspirar, exausto.
A verdade é que ela me cansava um pouco com seus movimentos sempre iguais, e principalmente com aqueles vulgares reflexos da lua em sua lâmina polida. Mas não podia negar também que era bela, tão bela quanto pode ser uma cimitarra, apesar de um tanto acadêmica. Bocejei, tentando fechar novamente os olhos para voltar à minha brincadeira. Mas não foi possível descobrir no fundo das pupilas os mesmos objetos imprecisos, contraindo-se vertical e horizontalmente, como numa dança hindu. Agora eram duas cimitarras de lâminas cintilantes que, nítidas, oscilavam por entre as pálpebras. Dentro e fora de meus olhos, a paisagem era a mesma. Resolvi, portanto, abri-los, o que fiz com certo cuidado, temeroso de que um gesto brusco pudesse provocar o desabamento de qualquer coisa que eu não conseguia precisar o que fosse.
Olhei primeiro as hortênsias, depois a luz, depois espalmei a mão sobre o cimento do banco, certifiquei-me de que não havia estrelas, constatei a frieza do cimento, tentei sentir um pouco de frio — mas finalmente fui obrigado a admitir o impossível: a cimitarra havia-se multiplicado em cinco. Essas cinco cimitarras agora estavam paradas à minha volta, poderia mesmo dizer que: expectantes. Não fiz nenhuma pergunta: limitei-me apenas a observá-las com mais cuidado que antes. Mas não havia nada de extraordinário nelas.
Pensei ficar mais tranqüilo com essa descoberta, mas aos poucos fui distinguindo alguns contornos bastante esmaecidos por trás delas. Forcei a vista e, à medida que me empenhava em ver cada vez melhor, mais esmaecidas se faziam as formas. Depois de alguns minutos, desisti. No momento em que julguei ter desistido, as sombras se tornaram mais acentuadas e, sem nenhum esforço de minha parte, transformaram-se em cinco seres desconhecidos. Tinham a mesma aparência — todos baixos, musculosos, de cabeças raspadas, narinas largas e olhos inteiramente verdes, sem pupila, íris ou esclerótica, seu lábios eram grossos e traziam argolas nas orelhas.
“Mas eu nunca os imaginei” — tentei dizer-lhes, ao mesmo tempo em que, sem saber exatamente a razão, achava-os parecidos com uma tapeçaria que vira em algum antiquário no mercado persa da cidade. Ao mesmo tempo em que abri a boca, senti contra os lábios o contato da madeira. Isso era impossível, porque eu estava sentado num banco de cimento. Sem me mover, percebi que meus olhos estavam fechados, e erguendo uma das mãos apalpei a superfície onde estava debruçado. Parecia uma mesa, a mesma da cozinha de nossa casa. Deve ser um sonho — pensei sem originalidade. Vim até a cozinha e dormi. Mas ao abrir olhos verifiquei que, embora realmente estivesse na mesa da cozinha, os seres continuavam presentes.
Não movi um músculo, com a intenção de não fazer absolutamente nada enquanto não fosse usada a violência. Mas lentamente alguma coisa em meu cérebro começou a pulsar. Julguei que fosse uma célula, embora não soubesse ao certo o que seria uma célula. Pulsava do lado esquerdo de minha fronte, exatamente como pulsaria uma veia. Levando as mãos à testa, porém, percebi que a veia continuava imóvel, no mesmo lugar de sempre, e por entre as gotas de suor continuei sentindo o pulsar invisível da coisa, cada vez mais intenso. Já quase dilacerava meu cérebro, me impedindo de pensar, ensurdecedora, absurda — quando tive a sensação que gritava.
Os cinco seres tiveram um quase imperceptível movimento de alegria quando fiz menção de levantar. Havia-se formado entre nós uma espécie de corrente telepática: olhando a extensão inteiramente verde de seus olhos percebi que sorriam e me incitavam a ir adiante no que começara. Tentei dizer que não começara coisa alguma, mas imediatamente senti quase como um soco a extraordinária beleza daqueles cinco seres e suas cimitarras. Enquanto avançava na compreensão do que eles me ditavam, ia descobrindo com mais precisão o sentido de tudo aquilo.
Não hesitei quando um deles me empurrou em direção à porta. Entrando na sala, percebi com surpresa que o ponteiro dos minutos do relógio quase não se movera desde a última vez que eu o olhara. E, no entanto, a minha sensação era de que tinham se passado horas. Curvados sobre a mesa, os meus pais continuavam seu espaçado jogo. Cruzei os braços e me recostei à janela, abrindo-a para que entrasse um pouco de ar
Quando senti que tudo estava preparado, fiz um sinal em direção aos dois velhos e esperei. Os cinco seres deixaram-se cair sobre eles. Dois seguraram meu pai enquanto outros dois seguravam minha mãe e o quinto cortava-os rapidamente com golpes de cimitarra. Cortaram-nos em inúmeros pedaços que caíram espalhados pelo chão, sem sangue nem gritos. Em seguida reuniram-se em torno da carne e banquetearam-se fartamente, sem deixar vestígios. Antes de terminarem, um deles me ofereceu um pedaço das costas de meu pai, mas preferi ir até a geladeira e beber um copo de leite.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Se dê um tempo

Pra ir só, pra rir só, pra ver através de dois olhos...pra uma só direção! Pare, dê um tempo, organize, se bagunce, se descabele, se permita a feiura deste dia, fique bem, fique só! Pare, converse com sua linda cara nua diante ao espelho, conheça tuas rugas, saiba da profundidade do seu olho, saiba qual sua face! Pare, diante ti há uma alma que não conhece, apresente-se, se mostre, dispa-se!
Siga, se quizer, se tiver tempo, se tiver ânimo, se ver que vale, e quanto vale! Pese, teste seus limites, teste aos outros, como é que fica esta tal mistura?! Se você quer fazer parte da massa, do recheio, ou ser a decoração tal qual cerejassss...
Pare, fique só!
Siga, ande só!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Letras!

Pássaros selvagens, nunca vou me esquecer que Rubem Alves fez esta associação entre letras e pássaros. Quando terminamos um livro, as letras ficam latentes em nossa mente, os pássaros selvagens saem a percorrer nosso corpo num vôo loucamente excitante, ficamos instigados a um assunto que antes desconhecido agora nos persegue, nos faz todo sentido, ficamos hipnotizados, um encantamento ao desconhecido tão familiar por passar alguns dias, meses ao nosso lado, Livros bons companheiros, Livros bons conselheiros, Livros bons pra solidão...faça sua terapia do livro a toda hora, quando faltam a nós boas companhias ao vivo, peguemos emprestadas nossos ricos e encantadores personagens, não faltam, não falam, não saem..só ficam.
Vez em quando alguém te apresenta letras novas, letras essas boas, bem escritas, bem contadas, mas devemos lembrar que o apresentado é quem fica com o mérito por nos encantar, não quem nos apresentou, por mais que o esforço tenha sido genuíno. Devemo-nos encantar por quem consegue nos prender diante de tais palavras escritas tão despretenciosamente para o deleite de nossos olhos. Alguns dos nossos escritores favoritos podem ousar nos decepcionar, talvez consigam e não voltemos a lê-los, outros sem sucesso ainda nos tem loucos pelos seus pássaros selvagens, esvoaçantes que brincam com nossos olhos, que são nossas belas distrações em dias de solidão...em dias de viagem...em dias de dormir...em dia de sol...em dia de chuva...em dia de ler...em dia de se distrair.
Permita seus sentidos, permita seus olhos, permita-se gostar, deixe as palavras entrarem e fazerem todo estrago de um vendaval.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Flautiações

Saí com minhas idéias a flautiar em um novo lugar, ar novo, pessoas novas e antigas...renovação de memórias, uma troca de olhares que faz bem pra alma, algumas raízes por mais pequenas que sejam me prenderam e trouxeram-me de volta. Na hora exata de partir não quero essas raízes fundas para que não doa na hora de desprendê-las, ao longo dos caminhos que são muitos e curtos temos que ir cortando laços arrebentando corações, dilacerando as almas...é cruel e é a vida, se não arrebentamos com ela, somos empurrados pra baixo, para uma vida sem sentido, vazia e cheia de sentimentos falsos, onde cremos estar "felizes' quando no fundo estamos é conformados com algo que julgamos não ter outra escolha. Isso acontece quando não arrancamos raízes pequenas que doem menos que nos deixarmos ficar e lamentarmos como se não fôssemos donos de nossas escolhas.
Eu vou e decido por qual caminho, é simples fazer nossas escolhas, o que não é simples é arcar com elas, é difícil é doído é responsável é nós é de verdade...não pode ser mentiroso os caminhos nem as intenções, tem que ter verdade nos olhos doa a quem doer , essa vida é de quem escolher ser de verdade, boca e cérebro trabalham em sincronia, elas funcionam para o bem estar da alma, nada de pecados não feitos, nada de palavras não ditas, nada de bocas fechadas, nada de dedos, nada de toques guardados...tudo de verdade, tudo de boca com boca, tudo de palavras ao vento, tudo de intenções serem más intenções...tudo de tudo pra fora, tudo que se passa cá dentro expulso como um monstro de nós, somos o que há aqui dentro e ponto, não podemos ser diferentes...na verdade não queremos ser diferentes.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quando o encantamento nos bate a porta

XXI
O teu começo vem de muito longe.
O teu fim termina no teu começo.
Contempla-te em redor.
Compara.
Tudo é o mesmo.
Tudo é sem mudança.
Só as cores e as linhas mudaram.
Que importa as cores, para o Senhor da Luz?
Dentro das cores a luz é a mesma.
Que importa as linhas, para o Senhor do Ritmo?
Dentro das linhas o ritmo é igual.
Os outros vêem com os olhos ensombrados.
Que o mundo perturbou,
Com as novas formas.
Com as novas tintas.
Tu verás com os teus olhos.
Em sabedoria.
E verás muito além.

Cecília Meireles

terça-feira, 31 de maio de 2011

Paladar

Quando se consegue absorver os alimentos tal qual sentimentos, saborear cada mastigada, sentir o que se está comendo, definir o sabor e colocar em nossa prateleira de paladar onde moram os sabores, os aromas. Isso que falo é absorver o que se come, como se estivéssemos diante de um bom livro e aquelas letras loucas vão entrando em nosso cérebro e ficando e sendo parte de nós, assim a comida deve ser...parte de nós. Um triunfo ao paladar, uma festa aos nossos sensores, se assim queremos conseguimos estar felizes pelo simples fato de um bela refeição, onde comida, ambiente, companhia, são absorvidos pelo nosso corpo se tornando uma só coisa, essa mistura nos faz melhores, por que o que nos faz melhor é darmos siginificância aos nossos atos seja lá qual for. Podemos acenar, piscar pra alguém, sorrir, falar, comer, dormir...tudo isso faz mais sentido quando nos damos conta que estamos fazendo e nosso corpo não é involuntário, ele responde ao que você pediu e ao que você quiz fazer, o seu corpo em sintonia com sua cabeça...o alimento em sintonia com sua boca...as sensações em sintonia com seu prazer.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Simples

Simplicidade é isso, quando descobre-se que nada mais é preciso para um mostrar de dentes aqui, pra um cantinho de boca ali, pra umas flautiações por lá...é simples assim surge como nuvens rosas no céu, algodão doce dos anjos, a lua surge simples como dar a luz a um bebê ou como bocejar, e é simples acredite, as complicações quando poucas servem para enfeitar o simples, um laço aqui, outro ali, dar uma temperada no simples demais, até porque adoramos ser cheios de mimos, sermos mimosos.
Então o simples surge para simplificar, nada de saber; o máximo de beleza(Rubem Alves). Vem pra nos mostrar que a vida é maior , que os olhos lacrimejantes tem de ser para a beleza de um entrar de sol, pra um sair de lua loucamente colorida em meio a nuvens rosas, céu azul, ela dançando meio amarelada cintilante...graciosa...se enfeitou um dia para se mostrar, complicou um pouquinho oque nossos olhos estão acontumados a ver e por isso lacrimejam, e sentimo-nos em paz pelo belo sentimento de estarmos vendo isso, que é belo e simples.
Do outro lado arde o sol descendo como fogo no pobre horizonte, sente-se anestesiado pelo prazer de todos os dias o fazê-lo, abana ao longe para a lua que já em cima está, em meio a uma mão quase negra que é a noite que vem buscá-la para servir de abajur de cabiceira....igualmente simples ver o sol a lua...igualmente simples descrevê-los enfeitá-los para que todos sintam a beleza que é pensar em simplificar nossas atitudes.

sábado, 14 de maio de 2011

Rá...

E quando a espera é de matar...
quando o gosto é de amargar, quando simples assim a vida some, o chão corre de seus pés como se nunca estivesse ali estado, as coisas são assim, de um minuto para outro...puft...somem, resta um vazio, um enorme vazio. É os "vazios" costumam ser gigantes mesmo, por isso são o "vazio"...hahhahahahah, loucas deduções quando não temos nada em nossas cabeças, quando o vazio toma conta de nossos corações e emoções somos tentados a pensar em nada, ou pensar em tudo, tudo com um sentido cômico da palavra, é um tudo cheio de graça, é um tudo sem noção, é um tudo cheio de cócegas. O vazio é louco, e nos deixa loucos, novamente nos sentimos tentados a fazermos coisas de que não nos orgulhamos depois, de que até sentimos vergonha, mas fazemos porque pensamos ser divertido, e tem também aquele tipo de tentação que nos faz agir tal qual idiotas que realmente somos esse tipo de ação raivosa que te faz gargalhar por maldades te faz orgulhar-se desprezos te faz sentir bem ao maltratar corações alheios...é o vazio faz tudo isso.
Bem vindos a cabeça vazia!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

21:21 faça seu pedido!

21:21, sempre é bom crer em algo e é sempre bom crer em algo bom, quando se vê bom sinais em simples detalhes a vida fica menos pior, os sabores são mais salientes, os toques mais latentes, as coisas mais quentes, os amores passam a ser de verdade, cremos que são e isso é bom.
Façamos nossos pedidos em nós em outros, de forma que nos alegre, de forma que nos torne gente...gente que crê em bobagens, mas é tão cético que duvida de si próprio. É saudável brincar com o azar, sorte seja lá que nome tem, depende só do nosso espírito esportivo de como vamos brincar, preferindo brincar com a sorte...boa sorte, preferindo o azar...azar é teu. Mas o pior dos jogos é que sempre perdemos, se ganhamos...alguém perde.
Esse em especial, o de fazer pedidos em horas, é bem bom...pedimos por pedir, não ganhamos nem perdemos, no fim das contas todos vitoriosos, uma vida feliz, faceira, mais leve, vale muito se pensarmos que perdemos sempre..perdemos tempo, perdemos amores, perdemos cheiros, e ó que cheiros são preciosos por demais, perdemos gente de quem gostamos, perdemos gente de quem nem lembramos...
Na próxima hora que combinar meu pedido será...qualquer bobagem, qualquer distração, qualquer sabor, qualquer prazer, qualquer amor, qualquer coisa...porque não vou ganhar, e nem perder, perder só algun minutos talvez valiosos talves nada, talves eu pessa mais tempo pra pedir, ou talves eu pessa pra que a noite viva sempre, talves eu pessa pra estar lá, ou aqui mesmo.
Faça o seu pedido!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pedaços pelo caminho

Fragmentos vão se descolando ao longo destes longos caminhos, são longos, são muitos, são dois, são do bem...do mau, de flores e de ventos, de aromas e de sabores. Pedaços de sabor deixamos em cada um que olhamos, pedaços de cheiros comemos de quem tocamos, pedaços de alma arrastamos em nossos longos caminhos, nos fantasiamos com a péle de outro alguém, nos divertimos pelos longos caminhos.
Somos feitos de pedaços alheios, de emoções que não são nossas, de gosto de salivas que nem sabemos...quiçá boa...somos pedacinhos de doce de salgado de meio amargo de azedo de agre de sabores de aromas...somos pedacinhos de gente. Tão bonito sermos pedacinhos de gente boa, com uma gota de pimenta, afinal maldade em doses pequenas excita a qualquer.
Belos pedaços de gente, colagens de corpos, fragmentos de todos, doses de prazer.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O vento e a folha

O vento passou e levou o tempo e arrastou com todas as folhas que ainda restavam em um daqueles galhos que vejo...via, pois o tempo não tem tempo, ele simplesmente atropela quem no seu caminho está. 
Cá estava em minha tranquilidade interior quase estática, imóvel meu coração, batia devagarinho...tinha uma pequena sensação de que iria parar. Eis que a ventania entrou trazendo o tempo, derrubou com tudo fez bagunça, descabelou, fez sorriso fez lágrima, saiu sorrateiramente pelos fundos, quando dei por mim estava em meio a rugas a mágoas sem aromas...definhando em solidão.
O vento se foi...deixou o tempo que tratou por passar mais rápido que minha vida, quando meus olhos enfim puderam ver este tempo passado, com horror as lágrimas rolaram pela face machucada. Uma das folhas que havia em outro tempo sido arrastada pra longe estava de volta ao seu galho pelado, depenado por este tal vento/tempo num sorriso triste dei-me por conta que logo minha face volta a se recuperar e o tempo perdoa pelo vento ter passado depressa por aqui, dei-me conta que logo logo o tempo volta trazendo um vento bom, vento de primavera, vento das flores, vento do amor, vento do sexo livre, vento do despudôr, vento da boca aberta, vento da folha que volta e vai, vento do meu riso que fica, vento da tua boca na minha, vento do bem leve estar...
O vento e o tempo fazem as pazes na primavera, e loucamente brincam com os corpos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Um brinde

Ando querendo me afastar de mim mesma, ando querendo ser imparcial comigo e com os outros, querendo ser de verdade, querendo não ter...nem sentir, um olhar bonito, um olhar de gente pura...como não vejo a anos.
Quando convivia com os cavalos, como o pasto, com gente simples o mato era mais bonito, o rosto era deveras mais sincero, o olho olhava dentro sem intenções outras que não fossem do bem...olho hoje com espanto de como as pessoas são de carne...osso...e um vazio infinito, não existe mais gostar sem nada em troca, um gostar de quem se gosta por bem...existe sim um gostar do que se vê, do que se apresenta bonito, do que fala bem, do que foi lá ou aqui...nada de ser humano...nada de eu gosto e ponto é só isso. Sabe é dificil tentar ser você, sem enfeites, afinal a vida só te oferece porpurina para que se maquie do seu interior mais bonito, gostaria de entrar e lá visualizar como é realmente esta alma que me parece tão apetitosa, creio que veria tanta porquice que todos os enfeites pendurados em seu corpo de nada serviriam para que pudesse te gostar. Isto tem sentido aos que sentem de verdade, aos que vêem com os olhos da alma, aos que valorizam boas palavras e não mentirosas conversas...
Pelo menos que faça sentido aos que tentam isso!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Diga!

Palavras matam, saem da boca como uma facada direto na cabeça...coração é bobagem, cabeça é louco...mata mesmo, ouvi meio sem querer porque estava ali de bobeira sentada ao lado...saiu da boca, assim como quem cospe e não tem intenção de acertar ninguém... martelou na minha cabeça no instante em que ouvi...pensei porque isso e não aquilo outro que é tão mais honesto tão mais bonito..porra eu diria o outro, jamais diria aquilo.
Não tenho medo de usar palavras que me comprometam, gosto de comprometer meus dias, sejam fadados ao fracasso ou a dias normais, sabe aquela coisa que irrita?!...Seja sincero, use as palavras que tens na boca e que queres dizer, o que quer dizer mesmo "estar comigo" ou mesmo "está contigo", pra mim quer dizer duas pessoas que estão juntas e isso tem nome...acho que é namoro, não tenho certeza mas pode ser.
Não tem razão de ser estas letras soltas que escrevo hoje, foi só uma facada na minha cabeça.

sábado, 2 de abril de 2011

Um dia de febre

Começa assim, alguém chega e diz:
- Que bom conversar com gente inteligente.
Balanço minha cabeça em sinal positivo...e começo a pensar quem ? do que ela está falando?
Acho inteligência tão sincero tão ímpar tão pessoal...tão momento, todo mundo tem seu momento de gênio, faz-se um comentário que todos a sua volta: - Nossa como ela é precisa e inteligente.
Nada tem haver com inteligência estes momentos, tem haver com percepção de olhares...capta-se no ar oque os sinais evidenciam e ponto. Sabe-se que pessoas são horríveis e perigosas, e articulam o tempo todo...então o que nos resta é sermos...fingirmos inteligência.
Momentos febris nos fazem ter ódio e ao mesmo tempo rirmos dessas loucas situções que acontecem, não é comum, é anormal, não existe...é só isso.
E isso me assusta.

terça-feira, 29 de março de 2011

Resposta as letras presenteadas

Aqui estou eu em sessão extraordinária para dar uma resposta para este meu querido amigo Juliano, não é político, nem advogado, mas tem todo um discurso...hahahahahahah. Brincadeiras deixadas de lado este guri tem razão quando diz que não vemos mais seres sencíveis aos toques, aos encantamentos poucos como pássaros, flores, chuva, pôr-do-sol, não vemos e se somos assim por alguns minutos sempre nos vendemos a estes valores mesquinhos que estão mais fáceis são mais palpáveis do que uma lágrima de comoção por exemplo. Sei também que letras são fáceis de se organizar e daí sair um belo discurso, difícil mesmo é ser coerente com nossos pensamentos e atitudes, difícil mesmo é não se deixar cair em tentação a maçã é tão gostosa e fica se assanhando pra que nós a mordamos. Não sei enfeitar as palavras como gostaria acho mais honesto usá-las tal qual são ou ainda usar algumas bem abusadas pra provocar outros tipos de reações, povo é difícil de se atingir então tentamos atingir a nós mesmos, isso é um bom caminho onde consigamos mudar de opinião com nossas próprias indagações já estamos evoluindo...mesmo que sós...e é isso que nos torna únicos.
Únicos...isso nada quer dizer sempre nos confundem com "pessoas", de pouco vale nosso esforço de nos aliarmos a causas ou sermos de esquerda ou sermos corretos ou blá...blá...blá ou sermos meninos maus. Nada vale, oque realmente ainda nos distingue é como sentimos, é como tocamos, é como somos encantadores e encantados, é como optamos pelo querer bem a um coração do que pelo amor.
Queiramos bem aos corações alheios.

Presentes em letras...

SOBRE VOCÊ E PARA VOCÊ

Como, literalmente, cada um de nós é único fujo aqui dos discursos gerais e homogeneidades que levem todos (ou várias pessoas) às mesmas condições e características. Isso pode funcionar e ser preciso nas esferas burocráticas da vida social, principalmente às leis, mas ao considerar o âmbito ser humano, embora a magnitude da complexidade que somos, nenhum dos aparatos legais ou regradores de conduta funcionam. Eis que surge o mais impiedoso controlador de nossas vidas – a consciência, que nos faz junto com a personalidade e as características físicas realmente originais e genuínos, mas não como peças de automóveis como dizem os comerciais: “ ...Wolksvagem original de fábrica...” e sim originais pelo nosso coração e pelo que fazemos sem esperar na em troca.
Escrevo isso a cada um que gosto, colocando, o melhor possível, o sentimento que tenho usando do próprio punho, sem o “ copia e cola” da vida contemporânea, até por que é também nos possíveis erros desta escrita que estará a essência da verdade do que se quer passar, pois ela deve tão originária quanto ti considero Janice.
Este recado/carta ( Deus do céu como escrevo) carinhoso é para ti colocar a pensar e lutar sempre por um mundo menos nebuloso, o que tendo faze todos os dias, pois estou cansado de olhar para o lado e não ver mais seres humanos, você é um dos poucos que conheço, você é daquele grupo que está além do horizonte, aquela que não vejo todos os dias, alias vejo poucos dias, mas parece que está sempre a me chamar além daquelas nuvens avermelhadas num fim de tarde de verão ou do amanhecer quente e ensolarado de inverno quando estou correndo.
Estou cansado também pela falta de bom senso e de compreensão, parece que a cara carrancuda dos patrões faz parte do contrato de trabalho, que as cédulas correm nas veias e que um agradecimento faz mal à saúde; o dinheiro é preciso – é fato – mas que tenha-se dinheiro pra viver e que não viva-se para ter dinheiro, você é sensível a isso.
Estou cansado das mulheres de hoje em dia, não por que “virei a mãozinha”, o que é a primeira coisa que pensam – virou moda (nada contra por sinal), mas por que confundiram liberdade com libertinagem e não têm valores, os que aliás sabem defender bem quando se trata de pensão, divisão de bens e por ai vai, tudo mascarado com o lema: “ é pros guris”, diga-se de passagem que isso é justo, mas tentou-se salvar a
relação de alguma forma? Pensou-se como ser humano antes de pensar como caça-níquel?
Cansei também daquelas que não pensam, daquelas que conversando tem que eu mesmo fazer a pergunta e responder, daquelas, que por comodismo e falta de confiar em si mesmas, pois não sabem onde ir e como, querem “ o cara da grana”, o imbecil ( e o pior, na maioria das vezes é gente fina), pois passa o cartão enquanto os outros passam a sua namora/mulher.
Para os digníssimos homens fica meu cansaço da sua falta de observação, capacidade de julgamento e percepção e a eterna visão superficial, a qual na maioria das vezes não passa de decote extenso e uma mini-saia minúscula, a eles vão meus parabéns pelas futuras dores de cabeça bem prováveis. Capítulo especial menciono sobre os que estão dos 40 em diante, pois muitos não sabem se saíram da adolescência ou estão piores do que o maníaco do parque depois de um divórcio, ao contrário disso deviam ser exemplos de caráter, seriedade e malandragem no bom sentido. Deparando-me a esses que conheço e já ouvi falar, quase não há onde se espelhar.
Por vezes me questiono, faça isso você também, o que tenho de errado neste meio de decepções masculinas e femininas, serei baixo? Acima do peso? Nada bonito? Nada inteligente?Tímido? Sem dinheiro? Ou tanta outras coisa (...). Se souber me ajude a descobrir.
Não defino se gosto ou não de alguém com um estalar de dedos ou no par ou ímpar, isso é resultado de um conjunto de fatores, no que não se pensa muito são naqueles fatores intrínsecos, ou seja, aqueles que uma plástica não resolve. Janice você não precisa de plástica, botox, terapeuta ou coisas do gênero, pois é trabalhadora esforçada, eticamente correta, bonita, inteligente, enfim sem igual
Então seja o avesso de Getúlio Vargas, que quando temeroso e cansado escolheu sair da vida para entrar para a história, lute e faça uma história de vida diferente, pois assim, embora dizendo que cansei de várias coisas, é impossível cansar de você.
E para não ser injusto, deixo aberta qualquer contraponto a tudo que disse, mas lembre-se aquele que o fizer responderei a isso, concordando ou não, pois, graças a Deus, chegarei aos 40/50 com a cabeça desses meus 30, com corpo ativo e coração inquieto, sem julgar ninguém por condição financeira, idade ou credo qualquer – força, honra e paz para você Janice.

domingo, 27 de março de 2011

De costas

Ela vista de costas é de uma comoção absurda, tem uma luz saindo pelos poros a luz da alma refletida nos cabelos loiros, tem um jeito todo seu de mecher o pescoço...as vezes me deparo com outras partes a me olhar ou seus grandes olhos claros vez em quando sua grande boca rosa, outras com suas pernas a me seguirem por onde vou vez em quando cá estou novamente em suas costas a brincar, brinco me lambuso em graça.
Sigo-a com os olhos percorro todas suas pintas, quando de roupa está uso meus olhos para despí-la, vejo sempre assim com olhos de devoradora uma caçadora faminta, que estuda sua presa passo a passo, bela presa que no fim só eu abocanho. Tem um andar despreocupado da vida, se distrai com música...belos passos. Vez em quando vejo seus dedos... coloridos dedos que beijo, lambo sua orelha numa tentativa de fazer amor com ela...a orelha.
Vista de costas é assim...
Vista de frente uma outra história, quiça mais bela.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um presente em troca do passado

A coisa mais clichê é falar de saudade, mas que coisa mais intrigante é sentir saudade.Não se sabe ao certo se é um vazio ou preenchido de lembranças...Se é dor ou melancolia...Se é boa ou veio pra matar. Sabe-se que é ausência do bom, pois se saudosa é a lembrança...alma flautiava entre borboletas num jardim.
Saudade vinda através de uma música, saudade trazida pelo cheiro, saudade atraída pelo querer novamente. Um arrepio de lembrança é saudade...uma lágrima caiu de saudade...um sorriso se abriu recordando a saudade.
Saudade é antigo, trocamos ela por novas saudades, ganhamos de presente um presente momento para amanhã sentirmos saudades.
Tenho uma saudade da saudade boa que não mais volta, e tenho agora um presente saudoso, onde vivo com saudades.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Rubem Alves pelos meus dedos

Mas nós somos como as lagartixas que perdem o rabo: logo um rabo novo cresce no lugar do velho. Assim é com a gente: logo a vida volta à normalidade e estamos prontos a amar de novo.
A saudade doída passa a ser só uma dorzinha gostosa.
Rubem Alves



O esquecimento, freqüentemente, é uma graça. Muito mais difícil que lembrar é esquecer! Fala-se de “boa memória”. Não se fala de “bom esquecimento”, como se esquecimento fosse apenas memória fraca. Não é não.
Esquecimento é perdão, o alisamento do passado, igual ao que as ondas do mar fazem com a areia da praia durante a noite.
Rubem Alves


" Toda separação é triste.
Ela guarda memória de tempos felizes ( ou de tempos que poderiam ter sido felizes....)
e nela mora a saudade."
Rubem Alves




A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.
Rubem Alves

segunda-feira, 7 de março de 2011

Expire

O que te inspira? Pássaros, flores, pessoas, caminhos, fotos, livros...nada de especial as coisas são coisas, e nada tem a ver com inspirar o poeta, o artista. Tudo se passa aqui dentro, quando somos tocados pela mais pura imagem morta ou viva, é de que forma vamos absorver a beleza e tornar ela possível de ser vista pelos nossos olhos, diz Rubem Alves, que a refeição é um momento sublime onde absorvemos o alimento e assim ele passa ser parte de nós. Verdade! e como tudo em que vemos e tocamos passa ser parte de nós e conseguimos através de absorvê-la e expor ela a maneira dos seus olhos, fazendo com que o reflexo desta matéria saia pelos teus poros atingindo novamente outros olhares. É assim que apresentamos alguém para os outros, fazendo uma releitura ao seu modo desta que carinhosamente vamos chamar "coisa", e assim mesmo se dá nossa própria apresentação tal qual como queremos nos vender assim somos, nos vestimos com os argumentos mais encantadores para nos darmos em troca de também recebermos "coisas". Bem bom quando nossos olhos transbordam inspiração de ter absorvido, e o gosto bom faz com que nossa apresentação desta coisa seja sublime, tal qual um suco de manga.
Inspirar-se anda fora de moda, ou simplesmente os olhos não as têm ao seu bel prazer, romântico é ver dois pássaros namorando e me inspira, agora o que mais se apresentam aos nossos olhos são casais fingindo o amor.
Inspirar-se são encantamentos passageiros.

terça-feira, 1 de março de 2011

Folhas secas

Descobri com um estranho espanto que sou seca...sabe essas lindas folhas amarelas jogadas no chão dos outonos por aí que fazem tlac...tlac quando pisamos e viram pó, resto de folhas, resto de vida. Não consigo criar raízes, não me apego a pessoas queridas, não me aconchego em outros braços, seca...por estranhamente isso me faz sorrir, chorar em outras horas, as folhas caem e saem voando bem mais longe de suas árvores quando o vento sopra, já fazem algumas estações que o vento tem soprado pra longe e eu cá fiquei neste outono me vou junto com as folhas secas seguir este caminho do vento longe...seca serei mas ainda com resquícios de sentimentos, vou indo acompanhando o vento, onde tiver que repousar que seja inverno.
Vou embora com os primeiros ventos que é pra ver se não tarda meu florescer...inverno.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cito sempre que cabível for...

ISTO

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!


FERNANDO PESSOA

Desilusão!

Volto a escrever mesmo sem ter letras pra este texto, mas é que precisa sair de mim ainda estas poucas que ainda restam porque estão sobrando e coisa velha de nada adianta, sabe andei olhando uns sorrisos e me perguntando será que é tudo invenção? esses sorrisos, esses sentimentos, será tudo um comercial? aii medo, isso tá me apavorando essa descrença, acho que não há o sentimento que eu julgava ter...ver, acho que é uma busca infeliz pela felicidade anunciada, você quer que vejam sua felicidade mas você não está sentindo nem vivendo ela. Essas imagens de felicidade me lembraram algun sorrisos tão amarelos que julgo todos eles serem assim, um acordo de boa convivência  para que saibam da nossa felicidade, nem tem nada a ver com realmente estar sentindo essa porra que julgo agora neste exato momento ser uma invenção desta bosta que é o ser humano, tenho medo de magoar alguém mas tenho mais medo de me magoar por pensar nisso, será possível? aqueles grandes olhos, serem mentirosos? possível sempre é, mas não sei se declaradamente é o fim, tem tanta gente que vive na ilusão a vida toda e nem aí.
Não eu não serei mais um deles eu quero ser de verdade, não quero mostrar, não vou mais mostrar, vou sentir só oq realmente sentir, quente ou frio tanto faz, morno jamais, não quero migalhas seja inteiro e nada de metade, exijo muito porque quero dar tudo, pouco não, não quero ser um comercial de margarina( família feliz, sorridente) quero ser de choro e de sorriso quando estes quizerem aparecer em minha face, do contrário contente-se com isto que tem, se não quizer joga no lixo certamente algum dia alguma alma verdadeiramente chorosa irá me juntar e assim poderemos sorrir juntas.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Despedida aos versos

Minha alma se despede de mim hoje, vai sair em torno de algum canto a procuro de inspiração mando com ela minhas forças para que recarregue e volte a mim com pássaros selvagens novos, vou cuidá-los e em seguida soltar em forma de belos versos para que não cansem de minha chatíssima presença, eles virão até mim acompanhados de minh'alma para que eu viva novamente dentro de pensamentos. As minhas forças esgotaram-se foram sugadas, minhas letras existem essas poucas que consigo me repetir e repetir, torço para que um novo vento sopre, quero ver novas belezas, descobrir mais daquele corpo pálido, enquanto me encantas ver o nú o cru, só me faltam armas para ver este mais, ir muito longe sem armas não consigo ainda mais sem alma, por consequência sem minhas forças longe tanto para desistir, desisto na partida já.
Que minh'alma regresse tão tão depressa que eu nem morra.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Aquele tipo de aconchego que vem de dentro são pernas te abraçando e te dizendo vai ficar tudo bem, cadê isto agora? o vulnerável chegou aqui, enquanto o amor chegou aí...eu não estava lá mais eu vi... um nó dentro da garganta, mas não sai, não des'agua não dá. É uma inexplicável carência, cólo por favor, alguém? Ninguém é capaz de acalentar este coração neste estado, só é capaz de dar cólo e resta o silêncio, cada movimento é possível que elas rolem pela face num soluçar...mas é que não tem ninguém, não tem este lugar, e isso faz com que elas fiquem em forma de nó.
Ó lágrimas minhas rolem é lindo sentir teu sabor, a cabeça pára neste momento.

Vazia mente

Quando você acorda louco e vazio, simplismente tudo sumiu nada faz sentido e você não pensa...vazio bom pra preencher com o "nada", não fale, nem coma...não acorde, muito menos durma...não pisque, nem boceje...não ame, nem pense em ser amado...mantenha-se imóvel, não sinta.
Sinta a música entrar não deixe sair...absorva, abstraia.
Descabele ande deite sonhe...sem pensar.
Veja lá fora, não saia, veja o sol que entra, não toque, pisque pra noite cair então veja não vá.
E as bocas começam blá...blá...blá...caladas!!! neste dia é o dia do silêncio o dia do "nada" pare cabeça, pensamentos soltos saem ficam nem acontecem são uma desorganização fazendo com que o vazio se faça em perfeição em seu dia, pra quê? estas palavras que nada dizem muito mais atraente o silêncio que nada diz.
Lembre-se neste dia do "nada" saiba onde colocar suas mãos.

Cito!

"E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de idéias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme idéias preconcebidas de espécie alguma em sua mente".
Jack Kerouac

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E os amigos não morrem, se mantém vivos através de nossa lembrança!!!

E a saudade é encantadoramente cruel!!!

Cheiro Lembra...

O sabonete cheirava a Porto Alegre em 1992, em alguns meses também cheirava a Tramandaí!
O couro cheirava aquela mulher cruzando no corredor de um ônibus Bagé/ Alegrete!
Lavanda cheirava aquela sala limpa de uma casa que não vi mais!
Tinha um perfume que anda por aí até hoje e o imprecionante é que meu olfato sabe de onde, mas não sabe quem é!
E ainda tem um cheiro no ar, de vezes passa por mim e corro com meu nariz a persegui-lo mas não alcanço!
As folhas daquele livro presenteado cheiram a velhas letras impressas em velhas folhas amarelas!
Aquelas gotas de chuva em caminhada no Cassino cheiram a ela que me faz falta hoje!
E a cerveja também cheira, cheira a porres, a banhos, a amores!
Aquela fumaça lembra o cheiro do cigarro naquela sala com almofadas no chão!
E o aroma quente, este aí lembra a comida da mãe!
Ahhh isso são só recordações!!!! e os aromas sempre voltam.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Paulo por mim assim citado!!!


 nem fale em amor/que amor é isto          ( Paulo Leminski)

       você está tão longe
que às vezes penso
       que nem existo

       nem fale em amor
que amor é isto 






[o luar de janeiro é primeiro de abril] (Paulo Leminski)

      vez como aquela
só mesmo a primeira
      mal cheguei a chorar
uma lágrima inteira

      largue uma lágrima
o primeiro que viu
      o luar de janeiro
é primeiro de abril 





O par que me parece (Paulo Leminski)

   Pesa dentro de mim
o idioma que não fiz,
   aquela língua sem fim
feita de ais e de aquis.
   Era uma língua bonita,
música, mais que palavra,
   alguma coisa de hitita,
praia do mar de Java.
   Um idioma perfeito,
quase não tinha objeto.
   Pronomes do caso reto,
nunca acabavam sujeitos.
   Tudo era seu múltiplo,
verbo, triplo, prolixo.
   Gritos eram os únicos.
O resto, ia pro lixo.
   Dois leões em cada pardo,
dois saltos em cada pulo,
   eu que só via a metade,
silêncio, está tudo duplo.


Os prazeres de Amelie Poulan

Solução para morte

Andei falando com o astros e com muita surpresa descobri que tenho que dizer NÃO, e com tudo a solução é esta diga não e escolha o que não quer, simplismente . Me tira  com isso um tumor malígno que habitava a muito em minhas entranhas. Divagamos por horas e horas e o vento lavava as nossas almas, e nos banhamos em bem estar eu na frente daquilo que queria e entre trocas de olhares as palavras saiam e soltas voavam ao redor daquele clima de pureza, o vento literalmente varria tudo, e as bocas loucamente se moviam.
Toda vez que uma nova história era iniciada um pedaço das duas almas se trocavam saiam se cruzando e experimentando uma a vida da outra como se pudessem...se entrelaçaram pra sempre com suas bocas loucas a se mecher...blá...blá...blá...e riam e se emocionavam e riam mais um pouco, uma conversa de portas abertas pra ventania, descabeladas lindamente , seduzidas pelo prazer das palavras.
E a vida mudou, porque o astros me disseram seja bem, e escolha o que não quer e seus passos nós cuidamos daqui, e se você olhar pra trás verás que tem pegadas em cima das suas.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Que o amor entre amigos seja assim!!!

Gosto de sentir as boas emoção que você provoca em mim, faço logo uma observação, pois da tua parte vem apenas os mais agradáveis sentimentos as mais lindas palavras e que belas palavras vem de ti, A tua presença é simplesmente encantadora, me faz adormecer para belos sonhos onde desejo muito que você esteja nele, como também me desperta para realidades incríveis ao seu lado, tempo e espaço antagônicos, mas que apenas você sabe administra-lo bem.

Vou me indo minha amada, estou meio cansado e percebo que os erros vão aumentando a cada momento que escrevo...

Beijos no coração.

Do teu André Dias

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aiii coisas belas para serem pulverizadas mundo a fora

"... Fernão, é que tu és um pássaro num milhão.
A maior parte de nós percorremos um longo caminho.
Fomos de um mundo para o outro que era quase igual ao primeiro,
sem nos preocuparmos com o destino,

vivendo o momento.
Fazes alguma ideia de quantas vidas teremos de viver antes de compreendermos
que há coisas mais importantes do que comer, lutar, ou disputar o poder no Bando?
Mil vidas, Fernão, dez mil vidas!
E, depois, mais cem vidas até começarmos a aprender que a perfeição existe,
e outras cem para constatar que o nosso objectivo na vida
é conseguir a perfeição e pô-la em prática.
As mesmas regras se aplicam, agora a nós:
escolhemos o nosso mundo através do que aprendemos neste.
Se não aprendermos nada,
então o próximo mundo será igual a este,
Com as mesmas limitações e obstáculos a vencer."
...
"O que fizeste foi modificar abruptamente
o teu nível de consciência, que, a propósito,
até é bem mais evoluído que o que deixaste.
Podes permancer aqui e aprender neste nível,
ou voltar..."
Trecho do livro "Fernão Capelo Gaivota" de Richard Bach.

Arnaldo é bom

LONGE ( Arnaldo Antunes)

Onde é que eu fui parar?
Aonde é esse aqui?
Não dá mais pra voltar
Por que eu fiquei tão longe?
Longe...
Onde é esse lugar?
Aonde está você?
Não pega celular
E a terra está tão longe
Longe...
Não passa um carro sequer
Todo comércio fechou
Não tem satélite algum transmitindo
notícias de onde eu estou
Nenhum email chegou
Nem o correio virá
E eu entre quatro paredes sem porta
ou janela pro tempo passar
Dizem que a vida é assim
Cinco sentidos em mim
Dentro de um corpo fechado
no vácuo de um quarto no espaço sem fim
Aonde está você?
Por que é que você foi?
Não quero te esquecer
Mas já fiquei tão longe
Longe...
Não dá mais pra voltar
E eu nem me despedi
Onde é que eu vim parar?
Por que eu fiquei tão longe?
Longe, longe, longe, longe
Longe, longe, longe
Seis, cinco, quatro, três, dois, um.

Pensando em dizer-te

Sabes que escrevo torto para que não entendam minhas letras soltas que formam palavras loucas, e tento ainda dizer-te algo. Tomo tetos com o céu, e minha visão pira ao ver-te... pareces luz que cega e ainda não consigo dizer-te algo. Então acho que te pareces com um cavalo selvagem a galopar, eu nem tento montar você porque quero tanto dizer-te algo que não posso me aproximar de tal coisa mais linda que é um cavalo a galopar solta leve linda amarela baia, com as crinas lisas douradas ao sol...me deparo com um campo verde imenso todo pasto para poder me deitar e ver-te passar fico horas...horas mirando daqui. Logo ali tem uma lagoa, onde imagino ver a água no teu pelo escorrer, e que relinchar mais belo, o cheiro forte de cavalo é pulverizado pelo campo todo fico paralizada diante tamanha sincronia de fatos que só me fazem tentar dizer-te algo.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Tão...tão distante

Sabes que lá os olhos não alcansam, o coração lateja a dor latente da saudade e agora tenho vontade de chorar por não mais ver, não mais sentir, tocar...uma lembrança é melhor que estar perto? Não
Eu gosto mesmo é do tato a melhor coisa poder tocar, apertar, amassar, nada de ouvir e não ver, sentir e não beijar, falar e não ouvir, nada de frieza, máximo de beleza em ter perto em absorver almas queridas, sugar, trocar energia, deixar as almas loucas e soltas para se entrelaçarem entre as outras fazerem sexo com seus corpos despidos de não ver despidos de tá perto, em cima, isso que é bom. Olhar no olho, dizer na boca, ouvir baixinho, sentir dentro, isso é bem.
Bem mesmo é ter como saber se é recíproco este lote de sentimentos tocáveis, se toca e arrepia tá aí é bem.
Bom mesmo é tocar, arrepiar, espiar por um olho, beijar, arrepiar, sussurrar e ouvir de volta na boca...
bem bom mesmo é ter perto.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Turbilhão

Tive uma vontade de vomitar eu mesma, asco, revolta...gritei ninguém ouviu, bati ninguém atendeu, ofendi quem não queria, envolvi quem não quiz, acho que sou má, sou má!
Tenho agora dentro de mim um turbilhão de pensamentos todos acontecendo ao mesmo tempo e já não sei oq mais pensar choro enquanto aqui escrevo, por raiva, por tristeza, por nojo, oq posso fazer agora...nada
Você poderia me dizer?
-Eu?
-é você,lembra do dia em que pedi que me trouxesse aquela borboleta cor-de-rosa lá de cima?
-Lembro-me , que te achei louca, completamente e encantadoramente louca, tais tudo bem agora?
- vou te dizer de uma vez só tudo que se passa e me diz se achas ainda que sou louca, loucos são eles que me confundem de maneira que tomo meus remédios e pego minhas borboletas sem parar dia todo, mas sabes que faço isso com a minha maior alegria isso que faço me afasta deles e isso é ouro. Sabes que viver aí do teu lado é uma loucura prefiro viver aqui com as borboletas elas me protegem de gente como você que julga, que mata, que rouba, que enlouquece tanta alma boa por aí, vítimas é oq são vocês e nós quem somos você me pergunte agora.
-Quem são vocês?

Somos os loucos desajustados como diria kerouac, somos o inverso do que vivem e por isso somos oq quizermos ser, e agora eu sou uma borboleta e não me importa oq pensas de mim nem de ninguém porque vocês não pensam vocês agem como porcos e é isso que vocês são e que me desculpem os pobres porquinhos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O perdido

Então eu penso de como perco tempo com meus dilemas, dilemas estes tão simplórios, então... também penso que o tempo é gasto a medida que ele passa, nada importa se estou chorando ou gargalhando os minutos tem o mesmo efeito. Como falo muito "então" acredito que perco um segundo de usar outra palavra mais significativa e volto a pensar que tanto faz ao tempo o segundo passa da mesma forma se falo "então" ou " porta". E as reticências são um alongamento do tempo, mas só no espaço de pensamento, porque, pro tic...tac nada, ele continua a  contar os milésimos.
Mas que coisa mais bonita que é uma ampulheta...o tempo medido por grãos de areia...quiça poder pegar nas mãos esses grãos do tempo e parar com ele. Impossível...então num borboletiar de tempo me sumo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Procura da Poesia ( Carlos Drummond de Andrade) que faz bem

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Inferno Interno

É o tal de conflito de sentimentos que se passa aqui dentro, o inferno das nossas vidas, ora sim ora não quem conseguirá agradar este ser com um inferno astral tão latente que escorre pelos poros enquanto saliva escorre pelos cantos da boca, completamente descontrolada, louca de tudo, confuso em ser ou não ser, uma alma perdida, sem corpo, abandonada. Chego a conclusão de que não são minhas calças curtas que deixam meus tornozelos de fora que me deixam louca, é o querer não querer, é a fome insaciável de novas emoções, é a vontade de devorar tudo ao mesmo tempo, e que meu corpo consiga assimilar tudo muito bem, absorver estes todos estes tudo isto tornar-se parte de mim. Alguém chega e diz que não dá, impossível fazê-lo, então este ser confuso fica cada vez mais descontrolado, sufocado, grita como louco pelas ruas para que ouçam e entendam, ameaça matar não a si porque seu corpo vale muito sua cabeça poderia ser jogada fora mas seu corpo vale, ameaça matar este que não ouve que não entende...gente burra, idiota, mesquinha...
E sai por aí já não grita mais, desabafou, sai lindo a desfilar seu corpo que vale e sua cabeça podre, num caminhar felino.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Só querer

E tudo que eu não quero não está em mim, tudo que eu quero resta um resquício tão...tão pequeno que vem chegando o vazio. E agora sou um salão de festas abandonado, empoeirado, com teias que são minhas velhas marcas, mas não lembro foi tudo tão distante, pedi p'ra me deixarem só e me deixaram vazia e agora já não sei mais oque fez parte e como farão novamente...Mas dizem por aí que logo o vazio acaba e sei também que vem logo ali uma nova distração para o abandono, este vazio pára e se torna algo novo ou renovado como preferir, mas a alma se acalenta em ser novo em olhos novos em olhar pra si, se acalenta min'alma.