nem fale em amor/que amor é isto ( Paulo Leminski)
você está tão longe
que às vezes penso
que nem existo
nem fale em amor
que amor é isto
que às vezes penso
que nem existo
nem fale em amor
que amor é isto
[o luar de janeiro é primeiro de abril] (Paulo Leminski)
vez como aquela
só mesmo a primeira
mal cheguei a chorar
uma lágrima inteira
largue uma lágrima
o primeiro que viu
o luar de janeiro
é primeiro de abril
só mesmo a primeira
mal cheguei a chorar
uma lágrima inteira
largue uma lágrima
o primeiro que viu
o luar de janeiro
é primeiro de abril
O par que me parece (Paulo Leminski)
Pesa dentro de mimo idioma que não fiz,
aquela língua sem fim
feita de ais e de aquis.
Era uma língua bonita,
música, mais que palavra,
alguma coisa de hitita,
praia do mar de Java.
Um idioma perfeito,
quase não tinha objeto.
Pronomes do caso reto,
nunca acabavam sujeitos.
Tudo era seu múltiplo,
verbo, triplo, prolixo.
Gritos eram os únicos.
O resto, ia pro lixo.
Dois leões em cada pardo,
dois saltos em cada pulo,
eu que só via a metade,
silêncio, está tudo duplo.
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