sexta-feira, 17 de junho de 2011

Letras!

Pássaros selvagens, nunca vou me esquecer que Rubem Alves fez esta associação entre letras e pássaros. Quando terminamos um livro, as letras ficam latentes em nossa mente, os pássaros selvagens saem a percorrer nosso corpo num vôo loucamente excitante, ficamos instigados a um assunto que antes desconhecido agora nos persegue, nos faz todo sentido, ficamos hipnotizados, um encantamento ao desconhecido tão familiar por passar alguns dias, meses ao nosso lado, Livros bons companheiros, Livros bons conselheiros, Livros bons pra solidão...faça sua terapia do livro a toda hora, quando faltam a nós boas companhias ao vivo, peguemos emprestadas nossos ricos e encantadores personagens, não faltam, não falam, não saem..só ficam.
Vez em quando alguém te apresenta letras novas, letras essas boas, bem escritas, bem contadas, mas devemos lembrar que o apresentado é quem fica com o mérito por nos encantar, não quem nos apresentou, por mais que o esforço tenha sido genuíno. Devemo-nos encantar por quem consegue nos prender diante de tais palavras escritas tão despretenciosamente para o deleite de nossos olhos. Alguns dos nossos escritores favoritos podem ousar nos decepcionar, talvez consigam e não voltemos a lê-los, outros sem sucesso ainda nos tem loucos pelos seus pássaros selvagens, esvoaçantes que brincam com nossos olhos, que são nossas belas distrações em dias de solidão...em dias de viagem...em dias de dormir...em dia de sol...em dia de chuva...em dia de ler...em dia de se distrair.
Permita seus sentidos, permita seus olhos, permita-se gostar, deixe as palavras entrarem e fazerem todo estrago de um vendaval.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Flautiações

Saí com minhas idéias a flautiar em um novo lugar, ar novo, pessoas novas e antigas...renovação de memórias, uma troca de olhares que faz bem pra alma, algumas raízes por mais pequenas que sejam me prenderam e trouxeram-me de volta. Na hora exata de partir não quero essas raízes fundas para que não doa na hora de desprendê-las, ao longo dos caminhos que são muitos e curtos temos que ir cortando laços arrebentando corações, dilacerando as almas...é cruel e é a vida, se não arrebentamos com ela, somos empurrados pra baixo, para uma vida sem sentido, vazia e cheia de sentimentos falsos, onde cremos estar "felizes' quando no fundo estamos é conformados com algo que julgamos não ter outra escolha. Isso acontece quando não arrancamos raízes pequenas que doem menos que nos deixarmos ficar e lamentarmos como se não fôssemos donos de nossas escolhas.
Eu vou e decido por qual caminho, é simples fazer nossas escolhas, o que não é simples é arcar com elas, é difícil é doído é responsável é nós é de verdade...não pode ser mentiroso os caminhos nem as intenções, tem que ter verdade nos olhos doa a quem doer , essa vida é de quem escolher ser de verdade, boca e cérebro trabalham em sincronia, elas funcionam para o bem estar da alma, nada de pecados não feitos, nada de palavras não ditas, nada de bocas fechadas, nada de dedos, nada de toques guardados...tudo de verdade, tudo de boca com boca, tudo de palavras ao vento, tudo de intenções serem más intenções...tudo de tudo pra fora, tudo que se passa cá dentro expulso como um monstro de nós, somos o que há aqui dentro e ponto, não podemos ser diferentes...na verdade não queremos ser diferentes.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quando o encantamento nos bate a porta

XXI
O teu começo vem de muito longe.
O teu fim termina no teu começo.
Contempla-te em redor.
Compara.
Tudo é o mesmo.
Tudo é sem mudança.
Só as cores e as linhas mudaram.
Que importa as cores, para o Senhor da Luz?
Dentro das cores a luz é a mesma.
Que importa as linhas, para o Senhor do Ritmo?
Dentro das linhas o ritmo é igual.
Os outros vêem com os olhos ensombrados.
Que o mundo perturbou,
Com as novas formas.
Com as novas tintas.
Tu verás com os teus olhos.
Em sabedoria.
E verás muito além.

Cecília Meireles